domingo, 8 de novembro de 2009

Travessia Canion Josafaz

Fazia muito tempo que não postavamos alguma coisa. Não que não estivessemos viajando, mas o tempo não estava nos ajudando com viagens de moto. Tivemos um inverno bastante chuvoso. Temos feito muitas trilhas e acampamentos e aqui vamos relatar o último e mais desafiador que fizemos: a travessia do Canion Josafaz, feita no feriadão de 02 de novembro de 2009. Mas esse relato não foi feito por nós. Como a travessia foi feita por um grupo, vamos apresentar o relato e algumas fotos feitos pelo nosso amigo Fabiano Rifatti (REDBULL), com alguns comentários nossos.

PREPARATIVOS:

Com a decisão de não usarmos um guia, precisamos buscar informações pela internet, pesquisa no google earth assim como ida prévia até o local (tarefa realizada pelo X em sua nova XT660). A idéia de entrarmos no canion por Morro Azul foi abortada pelas diversas informações de moradores locais que nos aconselharam entrar por Aratinga. Essa decisão se mostrou acertada durante a travessia. Diversas reuniões foram feitas pelos participantes da travessia, e apesar de algumas desistências e novos integrantes, todos tinham tarefas para fazer, desde buscar informações fidedignas do local, como contratação de condução e relação dos itens a serem levados.

RELATO E FOTOS (por FABIANO RIFATTI - Redbull):

Saindo de Porto Alegre sexta feira dia 31/10/09 as duas da madrugada um pequeno grupo de membros dos Trilheiros do Sul subiu a Rota do Sol até a comunidade de Aratinga, em São Francisco de Paula, onde os Trilheiros iniciariam a jornada até o cânion Josafaz. O plano era fazer a travessia desse cânion e ir até praia Grande-SC, passando pelo Vale do Mampituba.

O planejamento da aventura começou com a busca de informações e guias que pudessem conduzir o grupo nessa indiada. Entretanto os valores cobrados pelos guias, somados ao transporte até o início da caminhada e mais a dificuldade logística que entrar em um estado e sair em outro trazia para o projeto, fez com que o grupo ponderasse sobre a necessidade de um condutor.
As informações encontradas a respeito do canion Josafaz eram escassas e por vezes desencontradas. As imagens do Google Earth, grande companheiro de planejamentos, ainda eram de baixa resolução, o que só trazia mais dificuldade para o projeto.
Entretanto após confirmações e desistências de participantes, a equipe se formou coesa, e como todos os componentes eram pessoas experientes em trilhas decidiram abandonar o guia e correr o risco de fazer a travessia sozinhos.
Além da falta de informação havia o medo do fracasso e principalmente o temor levantado por todo o mito que uma travessia de canion envolve, além, claro dos riscos reais. Mas apesar disso tudo o grupo estava disposto a enfrentar o desafio.
Iniciaram a caminhada as 6:00 da manhã em Aratinga, chegando nas bordas do Canion por volta de 7:30. A visão do canion em sua extensão encheu os olhos do grupo, que iniciou uma descida íngreme em direção ao leito do Rio Josafaz. As mochilas pesadas e o calor que já fazia àquela hora da manhã, dentro da mata nativa, eram agravantes, tornando a caminhada para fundo do cânion lenta e cansativa. Foram 3 paradas para descanso até o grupo finalmente poder avistar o rio em uma “janela” no meio da mata após duas horas de descida forte.

No rio o grupo aproveitou para se refrescar e fazer uma refeição antes de iniciar a caminhada por dento do canion até o vale do Mampituba e posteriormente até Praia Grande. Segundo todas as informações colhidas a travessia do Canion até Praia Grande era feita em 3 dias. Mas o grupo só dispunha de dois para realizar a caminhada. Sendo assim a solução seria caminhar o máximo que pudessem no 1º dia para assim garantirem o término do percurso no 2º dia.
Entretanto o Josafaz não é um canion selvagem como os demais. Além de não ser vertical e clastrofóbico como os outros cânions, passando inclusive uma impressão de vale, ele possui caminhos bem demarcados o que facilitou muito a caminhada.
Por volta de uma da tarde, o grupo parou para o segundo banho de rio. Lanche e descanso, para em seguida iniciar a caminhada forte novamente.
Como fazia muito calor, somado ao esforço de carregar as mochilas pesadas, de tempos em tempo era necessário fazer uma parada para descansar, beber água e se banhar nas águas geladas e cristalinas do rio.
Já por voltas das 16 horas o grupo passou pela 1º comunidade da região: São Roque. Ali descobriram que ainda faltavam mais de 6 kilometros e um morro com três subidas longas para chegarem até a comunidade de Aparecida, onde pretendiam acampar. Antes de iniciar a subida, uma nova parada para a alimentação reforçada. Nesse momento o cansaço já era enorme e apesar de estarem parados na beira da estrada alguns deitaram e até tiraram uma soneca de minutos.
Mas como ainda havia bastante o que caminhar, colocaram novamente as mochilas e voltaram a caminhar. Foi só depois das 17 horas que avistaram o pico da pedra branca. Referencial do final do Canion Josafaz e inicio do vale Mampituba.

Mas ter avistado a Pedra Branca não queria dizer ter chegado lá. A caminhada ainda levou mais de uma hora até que o grupo chegou ao Posto do Ibama que fica em frente a pedra. E só então pôde ter certeza:
Os Trilheiros haviam concluído a travessia do Canion em um dia de caminhada.

Apesar de exaustos essa notícia deu um novo ânimo ao grupo que seguiu caminhando, mas já pensando em algum lugar para acampar. Um taxi que passava pela estrada foi parado pelo grupo para coletar algumas informações. Descobriu-se que Aparecida, não estaria a 3 quilômetros de distância, mas sim a 6 kilometros ou mais. Por 5 reais o taxista faria a viagem até Aparecida, e o grupo não pensou duas vezes em mandar as mochilas, e caçula do grupo no táxi. Assim foi feito. O taxi seguiu com dois componentes da equipe e as mochilas de todos, enquanto os que ficaram puderam caminhar finalmente apenas com o peso dos próprios corpos, o que foi um alívio imenso.
A surpresa foi a volta do taxi para pegá-los, pois Aparecida era mais distante do que imaginava-se. Uma surpresa bem vida, tamanho era o cansaço. Chegaram em Aparecida e ficaram no que seria o bar da comunidade. A única casa a kilometros de qualquer outra. Ali foram muito bem recebidos pelo proprietário que cedeu prontamente o pátio para o acampamento do grupo.
Exaustos após 12 horas de caminhada puxada com as mochilas carregadas, o grupo tomou o ultimo banho de rio do dia. Alguns montaram suas barracas, outros rede de selva, e houve quem apenas estendeu o saco de dormir em cima do isolante térmico. De tão cansados quem deitou para “experimentar a cama” não conseguiu levantar, adormecendo sem jantar. Apenas dois membros da equipe (pai e filho) tiveram forças pra se manter de pé e jantar antes do sono merecido.

Domingo pela manhã o grupo levantou cedo, as dores musculares eram esperadas. Ponderaram sobre a distância até Praia Grande: Mais de 20Km por estradas de terra. Sem trilhas. O calor já se fazia bem presente. Foi consenso geral de que, sem trilhas, não valeria a pena toda a caminhada até praia grande. Principalmente quando o desafio, que era o cânion já havia sido vencido. Combinaram com um senhor que faz frete na região de irem na carroceria do seu caminhão até Praia Grande. Uma decisão acertada, pois a caminhada seria imensa e sacrificada, já que a estrada se distanciava do leito do rio por muito tempo.
Em Praia Grande o grupo lanchou às margens do rio enquanto esperava a hora de pegar o ônibus que Oe traria de volta a Porto Alegre. E minutos antes da partida alguns Trilheiros ainda arriscaram um refrescante banho de rio para se despedir da cidade.

Participaram dessa aventura: Fabiano Riffatti (RedBull), Max Salgueiro, Max Marcel, Ricardo Zelanis, Rodrigo X e Luciana Maines.

(relato completo e mais fotos disponíveis em: http://www.trilheirosdosultrk.com.br/relatos/47-relatos-2009/94-travessia-do-canion-josafaz-31102009

INFORMATIVO:
- Apesar da "facilidade" na travessia, nos preparamos muito, inclusive intensificando atividades físicas, buscando minimizar dores musculares e aumentar a resistência, pois sabiamos que seria um grande desafio;
- Lembramos que participamos de um grupo que faz trilhas há mais de 08 anos e temos experiência. Assim, não tente uma aventura sem guia caso não tenha experiência para tal;
- Constatamos ao final o peso a mais que carregamos com ítens que não foram utilizados. Mas é sempre bom levar os equipamentos que podem fazer falta em momentos de emergência.

Bem, mais uma vez acreditamos que relatamos tudo (ou quase tudo!). Estamos a disposição para perguntas ou dúvidas do que escrevemos.

Até a próxima viagem!

Lu e RodrigoX (LuX)